terça-feira, 17 de abril de 2012

Um olhar



Você chegou meio do nada. A gente nunca sabe o que vai encontrar pela frente numa festa. 
Lapa. 26 de junho. 2009. Rio de Janeiro. Não era inverno ainda mas fazia frio. Uma fila de de mais de 40 minutos. Chovia.
Era aniversário da minha melhor amiga. Noite alternativa. Entre uma dança e outra a la Britney Spears com meus amigos gays, você me olhou. Eu tava parada. Sorri. Parecia que você me olhava no fundo dos olhos mesmo a muitos metros de distância.
Olhei você de costas. Você me deu a mão. Abriu o caminho. Eu só olhava pra sua nuca. Eu sempre soube que ia me apaixonar por uma nuca. Assim como minha mãe se apaixonou pelo meu pai. E a sua era perfeita!
Mais de duas horas de conversa. Me rouba um beijo, vai? Roubou. Ganhou. Pra sempre.
Eu de vestido xadrez, você de jeans e moletom..só moletom. Quem diria?
Na hora de ir embora, você me olhou por horas. Só olhava abraçado. Como se me visse. Como se me visse de verdade. Inteira.
Sua primeira mensagem veio logo após a despedida: "Adorei te conhecer!". Eu também adorei.
O tempo se passou. Não ficamos juntos. Nos encontramos ainda algumas vezes logo após o primeiro encontro. Muita sintonia, mas não foi pra frente. Afinal romances começados em festas na Lapa não são pra dar certo.
Um ano depois, a vida que costuma ser bem engraçada nos cruza novamente. Numa nova festa em um outro bairro. Botafogo. O mesmo nome do seu time. Botafogo.
Você estava diferente. Talvez tivesse vivido coisas que não merecia. Talvez tenha sido importante viver isso.
Nos reencontramos. Nos revimos. Nos re-olhamos pra dentro um do outro. 
E depois desses anos, que ainda são poucos, continuamos assim a nos olhar. A nos olhar abraçados. A nos olhar mesmo de olhos fechados e longe um do outro. 
É um olhar da alma, do coração do amor. Um olhar que vê inteiro. Sem medo. Sem amarras. Um olhar de entrega, que se entrega e não se esconde. Um olhar que é meu. E seu também.