Você entrou porta adentro e coração afora quase que simultaneamente.
É estranho te ver depois de tanto tempo, depois de tantas brigas, mágoas, traições. Depois de tantas discussões, palavras duras e até palavrões.
É difícil perder um amor de si mesmo, pedir desculpas ainda magoado, sentir o coração dilacerado, sangrando de dor. Mas hoje um marasmo tomou conta de mim e de meu coração.
Você cortou o cabelo, está mais magro, uma aparência um pouco abatida, com algumas olheiras, provavelmente de estar trabalhando demais. Notei que voltou a fumar. Desesperadamente.
Você diz que estou bonita, apesar de eu estar com os cabelos despenteados, sem nenhuma maquiagem, olhos inchados, calças largas de um pijama velho e uma blusa antiga sua.
Você pega suas caixas, seus livros, seus cds e o resto de suas roupas. Pergunta como que consegui arrumar tudo tão rápido e ainda trabalhar, e fala que sempre admirou a minha organização. Você sempre foi gentil.
- A gente foi feliz aqui. - Você diz, precisando de afirmação.
- Muito... - respondo
- Acho que é só isso, minha última leva de coisas. Pronto você está livre de mim!
- Eh acho que sim...
(nos olhamos)Pausa...
- Eu não queria estar livre de você... - eu começo.
- Nem eu...me desculpa...por tudo!
Olho no olho, você se aproxima. A gente sabia afinal, que aquele beijo seria o último.
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